quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Ao avesso das coisas que não existem mais


I.

 

Tenho um atlas no avesso do corpo
nos poros da pele outro caminho
pelo chão de terra batida. Rachadura
que finca e não ata outros ares?
Terra seca me contenho no sertão
quando o mar me empurra ao exílio,
seios bélicos fincam dores ao anúncio
do prepúcio, não sei se em preto ou branco
névoa que encolhe ao real, todo caminho
estrangeiro reinventa mapas
quando vou ao avesso de mim.

 

 

II.

 

Você com pinça capta as cores do dia
mas chega sempre com uma cor dentro
interpela o tempo que cintila
a fala livre vai além do primeiro ato.
Movediça, você é solta quando me segue
tem rastro na língua do orvalho anunciando
a púrpura da manhã. Mimetismo do mesmo
quando tudo existe com maior intensidade.

 

III.

 

Se todo livro fosse uma história
de paixão por um outro livro
Miss Cyclone viveria no lugar
da mulher do marinheiro.
Além, do último ato
de onde avistamos as cortinas
se fechando, veríamos as lascas
de paredes e o cantar pelos bastidores
de quem nunca desafina, tom sobre tom
a memória pela memória acompanha
ao piano ao fundo, um edifício
se constrói de passados? Apenas teatro 
daqueles que habitaram todo ato contínuo.

 

 

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