Jardim do sótão
evito o rumor dos automóveis
aprendo a respirar lentamente
o corpo desfaz-se pelos sete guizos do
vento
a pergunta: qual terra a mover teus pés?
eu atravesso lenta pelo deserto
você entra em países que roubam tua
imaginação
as ilhas mudam de lugar após a explosão
os sinais elétricos pairam acima de um
poema bélico.
o rumor silencia o coração?
as estrelas perderam seu brilho, profusão
de luzes
civiliza-se em procissão dos náufragos
embandeirando mares em sanguíneas manchas
o mar no corpo: paquetes apitam retorno.
Ouço Walt Whitman que sai a caça
de que meus olhos
não alcançam, com um giro abarca os
caminhos
rarefeitos traduz às folhagens
o entender do irreal do corpo.
desfeita na dança do tango a
contorcionista
confundindo-se com o verde de seres
que habitam a dimensão das folhagens
confundidas com o verde dos olhos
que não importam mais para onde vão.
estaríamos vivos na sombra de nós
entre os passos uma saída
para o pensamento de irreconhecível
terras a mover um silêncio que detém
o que só o coração diz.
Poema da conversão anterior
toda a conversão anterior
uma margem de manobra para armar
antigos brinquedos anteriores
o lapso que me retrai antigo
sobre o esquecimento de caligrafias
flores mortas quatro ilhas de exílio
dentro e fora as vértebras
de um abandono sonoro de alaúde.
dele saber tão somente a perseguição
o núcleo de se saber inteira pertencente
na manobra que margeia
o que de mim se exclui.