Quando o hipnotizador entra em cena
quando o hipnotizador entra em cena
basta acreditar em sua missão
para que todos fechem os olhos
se movam feitos peixes cardíacos
no mar agitado a atravessar a correnteza
no prenúncio do código:
o hipnotizador sempre observa
uma margem de manobra imensa
a natureza errada do poema
no absorver da seiva gasta sabe
das influências dos poetas
em sua veia homicida.
Quando o hipnotizador entra em cena
muda o poder dos pensamentos
como o regente da orquestra
inicia um concerto musical imaginário.
ele a faz pensar num poema a partir
da outra língua, ela pensa
no poema a partir de sua língua,
como quem traduzisse o personagem
como um outro a partir do que
se imbrica em seu cerne,
a composição instantânea corta a cena,
rasga a pele e sonha sem parar
até encontrar a rima correta.
sonha que mora dentro da caixa
de música, os corpos desabam
nos ouvidos visuais
o hipnotizador e a tradutora:
aprendem a passar desapercebidos
o contorno dos olhares perdem
seus invólucros de caligramas
escapam sempre mais fora do que dentro.
Já ter acontecido hipnotizar-se?
é uma cena quando o hipnotizadorentra.
Mas há alguém sempre
a duvidá-lo a interpelar a verdade do ato,
alguém que pensa em caminhos herméticos
ilhas, simulacros, grutas ou espelhos
no oculto desse momento
sem pressentir o que o levaria
à infância de um sentimento.
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