Ilustração Leonardo Mathias
Tudo se instala sobre a
névoa
Da chuva de um tédio ou mais
um dia
Sem qualquer aprendizagem.
Se encolhe lentamente sobre
as almofadas
No modo a escolher algum
animal marinho
A se parecer com seus pés
úmidos
Arrastados pelas ruas, mas
ontem,
Hoje, o nome lhe arqueja
fósseis presentes
Ou a respiração de uma lula gigante
Mas não é nada ou são os
sons minúsculos
Pingos que soletrassem a
suspeita de
Alguma visita lhe trazer o
passado por
Essa porta. A vida dos
peixes se encolhe
Diante de um mar radioativo,
seus pés
Tentaram as noites por
debaixo dos lençóis
Sem qualquer movimento
rápido.
Ela tenta se desfazer dos
pequenos ventos
Do que a névoa não detém:
aparições
Desfazer do que a vida não
dá conta:
Essa infância interminável
como lanças
De polvos destoando os
objetos da casa:
A escrivaninha herdada, a
boca esse vocábulo
De pântanos seu céu em
estalos
Balbucia, mas é silêncio,
Convence ao que rebrilha nas
frestas
Do fundo do mar, da névoa
Da chuva ou do cigarro
Do corpo que se move no
duplo
Sendo-o na senda insuspeita
Dos objetos que lavram
Palavra vida
À concessão das pedras
Das grutas feitas apenas
Ao derramamento.