Foi o som das colheitas como que inventassem acordes
O que novamente nos acordou. Em frestas
De um corpo a caminhar em silêncio pelo outro lado
Foi o som o que nos acordou, outra vez os passos fora do dia
Pelo vale industrial desabitado. Num imenso eco de vida profunda
Víamos multidões onde não as havia, as interlocuções com o vento
Apenas rumores de bossa, uma elipse fechada do pensamento
Apenas rumores de bossa, uma elipse fechada do pensamento
Bolhas de esgoto industrial, oxigênio aos peixes do rio
Morto, boi morto o verde seco da terra
Morto, boi morto o verde seco da terra
A verdade sobre a verdade de um inseto que pousa
À sombra da gaivota que num lampejo desaparece.
Nesses dias, os sons eram mais altos que a ilusão
Noutros, tinham a voz, como que pudesse alcançar um Deus
E libertá-lo dos esgotos feitos de ferrugens, para que dentro dos acordes
Outros rangessem ruídos de inventar semeaduras eternas.
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