sábado, 8 de julho de 2017

Jardim do sótão




 
Você evita o rumor dos automóveis silenciando aos corações
fecha as janelas, porta-se como quem aprende

a respirar lentamente, enquanto digo - são todas percepções
do mundo - queríamos o que concentra para que seja
silêncio você ainda paira num embrião misterioso,
pesca do olhar a placenta dos mergulhos mais profundos

Eu às vezes me aproximo dos sinais desencontrados
no meio da rua, numa cidade sem avisos parto,
não me peça, desfaço, corpo teatro mudo de cores
só pergunto: brisa salgada qual terra a mover teus pés?
As patas de mamíferos gigantes, você responde --
parece assim que entramos numa espécie de acordo?


As ilhas mudaram de lugar após a explosão
alçam alguns sinais para um futuro de poemas bélicos
As peças não encaixam no antigo quebra-cabeça
as migalhas do que ficou no ar saboreiam os dentes
de deus eu também tenho-o e suas mãos
ao pousarem nas pedras frias sentem qualquer interlocução?


Você responde, seus olhos parados agora
desaparecem feito a profusão de estrelas que perderam
seu brilho. Noite nenhum porto espelha o céu,
não conte, mas não há imagem pronta para a vida essa
agitação monótona.


Automóveis partem sempre para a chegada
somos esses espectros que caminham para trás?
Embandeiram as chegadas dos desejos mais longínquos
em sanguíneas manchas de mar no corpo

Evitamos os paquetes num apito em retorno
a cidade antiga em que Whitman atravessa
dentro do caminho seguido sem lei
Dentro do coração um pátio próprio para a fuga
Te falaram algo? Como se caminha dentro do poema?

O verde das folhagens confundido com o verde dos olhos,
não importam mais. Nada mais importa, se gastos
estávamos subtrai-se ao que permanece
pelas ruas coloniais,
estaríamos vivos na sombra de nós
entre os passos inventou-se uma saída p

ara os esquecimentos e não havia
mais para onde se ir.


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