Vinha sem aviso,
tarde quente, debruçava o olhar
manso e morno para
o inesperado da íris em rasgosclaros derramava como se abrissem as câmeras
das folhagens rupestres das aldeias dentro das pernas
varanda de dentro ou de fora um exílio aquela paisagem
toda, os ventos do leste afastavam as roupas do varal,
e esperava era só isso, as armadilhas dos verbos
não fazia nada além de esperar
(numa noite deu-se
a previsão vieram uns homens
seguravam forte em
seu braço e disseram que erapra ficar ali, para ficar ali, entre o branco e o silêncio).
Deixava as coisas
ilustres para depois
como se separasse
cartas de um mesmo baralhopor algum critério aleatório de desavença oracular
ou como se ouvisse a voz que ecoa, oráculos pela casa
reza antiga, mandinga no quintal, separe essa depois
esta esperava a sorte mansa como alguma cadela manca
espera algum resto ao que fareje.
Hoje, vieram-na
buscar, azulejos frios
disseram que era só
esperar que se quisesseera só deitar ali mesmo. Deitar no chão e esperar.
Da forma como os feijões puídos
foram separados de outros numa seleção
tão digno ou menos digno,
saber que podemos ao outro destino
Feito bicho
amainado amansado
a memória traz as
provas rasgar um pedaço de dia
esquece para não lembrar.
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